Questões de segurança e uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) foram abordadas antes da prática de escalada em árvores.
O 3° Módulo da Formação de Coletores de Sementes do projeto Terra e Mata, realizado pela Ecoporé com apoio financeiro do Fundo Socioambiental Caixa, foi finalizado na última semana na aldeia Trindade, na Terra Indígena Rio Branco, e abordou na prática as técnicas de coleta em altura. A atividade faz parte de um conjunto de formações e percorreu os municípios de Costa Marques, São Francisco do Guaporé, São Miguel do Guaporé e Alvorada do Oeste.
No primeiro módulo, os participantes conheceram as sementes de interesse para a restauração, assim como o modo correto de coleta e armazenamento para que sejam preservadas. No segundo, foi feita a identificação das árvores onde serão coletadas as sementes, as matrizes, através do registro de três informações chave sobre as árvores: o diâmetro, a altura e o ponto de GPS. Esse processo, além de marcar a procedência das sementes, auxilia na avaliação da viabilidade das mesmas, isto é, se serão saudáveis ou não.
Nesta terceira etapa, realizada em parceria com a Embrapa, foi discutida a coleta de sementes nas alturas e o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs).
Durante o fechamento do 3° Módulo na TI Rio Branco, a analista socioambiental Joana Gomes, responsável pela parte teórica da formação, explicou alguns aspectos da NR 35/2012, norma que regulamenta a segurança do trabalho em altura. Joana pontuou que qualquer atividade conduzida a partir de 2 metros de altura já traz riscos, por isso a importância da utilização de EPIs, tais como capacete, cordas, mosquetões e sistemas de ancoragem. Para evitar acidentes, é fundamental que a atividade seja exercida em conjunto, com duas ou mais pessoas.
A instrutora também explicou que os acidentes ocorrem por quatro razões: negligência (falta de atenção ou cuidado), imprudência (quando se sabe o que é certo, mas se age de modo incorreto), imperícia (quando não há conhecimento ou aptidão para executar a atividade) e atos inseguros (tais como coletar quando há ventania ou coletar perto de abelhas, vespas, cobras e outros insetos ou animais perigosos).
Na parte prática, Hebson Carvalho do Nascimento, assistente de pesquisa de campo experimental da Embrapa de Rondônia, deu instruções aos participantes sobre como usar os EPIs. Hebson frisou que, uma vez danificados, os EPIs devem ser descartados. As cordas de segurança, por exemplo, ficam comprometidas quando utilizadas para outros objetivos, como amarrar redes. O mau uso dos equipamentos, além de acarretar riscos à vida, causa perdas financeiras, pois demanda que sejam substituídos.
Diversas espécies de árvores de grande porte têm alto valor comercial. É o caso do cedro, do açaí, do ipê e da castanha-do-brasil, entre outras. Além disso, em comunidades indígenas, a atividade é tradicionalmente masculina. Às mulheres é reservada a coleta de sementes no solo, quando estas caem após as chuvas. Dessa forma, a formação também cumpre um papel importante na inclusão das mulheres na cadeia socioprodutiva.
Ao todo, a formação de coletores de sementes promovida por meio do projeto Terra e Mata já capacitou 50 pessoas, entre indígenas de sete etnias (Aikanã, Tupari, Karitiana, Suruí, Gavião, Zoró e Apurinã), comunidades quilombolas (Forte Príncipe da Beira e Santa Fé), extrativistas da Reserva Extrativista do Rio do Cautário, e agricultores familiares que residem nas oito cidades ao longo da BR-429, área de abrangência do projeto: Urupá, Alvorada d’Oeste, Presidente Médici, Nova Brasilândia d’Oeste, São Miguel do Guaporé, Seringueiras, São Francisco do Guaporé e Costa Marques.
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