Agricultores e agricultoras familiares receberam materiais para isolar áreas de preservação permanente e reserva legal na Amazônia. Conheça mais sobre o que os motiva a preservar.
Agricultores familiares de Rondônia estão se unindo para regularização ambiental de suas propriedades e ao mesmo tempo proteger suas fontes de água por meio da recomposição da vegetação. Laércio Roque de Souza Almeida, agricultor de Santa Luzia D’Oeste, faz parte do grupo de mais de 200 beneficiários que já receberam materiais de isolamento para cercar e proteger as áreas de recuperação. Segundo Laércio, a recomposição da vegetação ao redor dos rios ajudará a combater os impactos da seca, agravada a cada ano. “A água é tudo, né? Se você tem criação de gado, precisa da água para ela. Se não tiver água, não tem nada”, explica. Motivado pela urgência de preservar as fontes hídricas, ele se uniu a outros agricultores no compromisso de recompor áreas sensíveis, principalmente ao redor de nascentes e córregos.
Somente entre setembro e outubro de 2024, foram distribuídos aos agricultores até então cadastrados no projeto cerca de 2 mil mourões, 22 mil palanques, 630 rolos de arame e quase 4 mil catracas. A partir de novembro, 200 mil mudas e mais de 8 toneladas de sementes serão plantados nas áreas isoladas, impulsionando a recomposição vegetal e a proteção das margens dos cursos d’água.
Marcos Antônio Souza, gerente de produção da Ecoporé, explica que o isolamento dos fatores de degradação é crucial para prevenir a degradação causada pelo pisoteio de animais e para estimular a regeneração natural com espécies pioneiras. Além disso, as cercas e aceiros ajudam a reduzir o risco de incêndios, protegendo e estimulando o crescimento da vegetação nativa nestes locais.
A necessidade de proteger essas áreas é urgente, mas muitos agricultores sem apoio de projetos como este, enfrentam dificuldades financeiras para adquirir os materiais de isolamento. Roberto Lopes, também de Santa Luzia, havia isolado partes de seu sítio antes do projeto, mas a madeira, de qualidade inferior, já mostra sinais de deterioração. “Isolar tudo fica caro, e a madeira que eu coloquei já está apodrecendo em alguns pontos. A gente fica preocupado, né?”, desabafa Roberto. Apesar dos obstáculos, ele destaca a importância do esforço coletivo. “A água é a maior riqueza. Eu torço para que outros agricultores cuidem das nascentes e rios como eu faço. O nosso mundo seria outro se cada um reflorestasse um pouco”.
Para esses agricultores, o apoio do projeto, que fornece materiais essenciais sem custos, tem sido vital. A contrapartida exigida é a colaboração viável e o engajamento de famílias no trabalho conjunto de restauração.
As circunstâncias financeiras, entretanto, não impedem Roberto Lopes de se preocupar com as condições da floresta e do clima. Ele observa que os rios e córregos estão mais fracos e, sem desanimar, incentiva que outros sejam parte de uma corrente de transformação, pois a água “é uma maravilha, é a maior riqueza”. Segundo Roberto, “o que eu tenho vontade é que muitos companheiros que têm as suas nascentes, os seus rios, os seus correguinhos, tirassem uns 30, 40, 50 metros [para reflorestar]. O nosso mundo futuramente seria outro. Então eu torço para que todos eles fizessem isso”.
ASL - Paisagens Sustentáveis da Amazônia
O Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia (ASL Brasil) é financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (Global Environment Facility - GEF), implementado pelo Banco Mundial e Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), por meio de sua Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais (SBio). O projeto é executado pela Conservação Internacional (CI-Brasil), pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV Europe), em parceria com instituições de Meio Ambiente nacionais e estaduais.
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