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Ecoporé é finalista de prêmio internacional e fortalece papel da Amazônia na restauração ecológica global

Organização rondoniense é reconhecida entre as principais iniciativas socioambientais do mundo por sua atuação com comunidades, reflorestamento e políticas públicas



Em um cenário de crescentes desafios ambientais e sociais na Amazônia, uma iniciativa brasileira ganha destaque internacional. A Ecoporé – Ação Ecológica Guaporé, organização da sociedade civil com sede em Rondônia, foi anunciada como finalista do RestorLife Awards 2025, promovido pela plataforma suíça Restor.eco, em parceria com o Laboratório Crowther, do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurich), e a Iniciativa Global de Terras do G20.


O reconhecimento se deve a projetos que atuam com excelência na restauração de ecossistemas e no fortalecimento das comunidades locais. Em sua primeira edição, o prêmio recebeu 1.127 inscrições de todos os continentes. A Ecoporé está entre as 16 finalistas na categoria sociedade civil, ao lado de organizações da Ásia, África, Oceania e América Latina.


O anúncio dos vencedores será feito no dia 22 de abril, durante o Dia Internacional da Terra. Os contemplados receberão fundos para investir em suas ações e apresentarão seus trabalhos na COP Ramsar 2025, no Zimbábue.


Raízes amazônicas, alcance global

Com mais de 36 anos de existência e 17 anos atuando com restauração ecológica no Sudoeste da Amazônia, a Ecoporé busca combinar restauração ecológica, agroecologia, educação ambiental, produção de mudas e sementes nativas, monitoramento de carbono e biodiversidade e articulação de políticas públicas. A organização desenvolve projetos em parceria com agricultores familiares, povos indígenas, juventudes rurais, mulheres e instituições de ensino e pesquisa.


“Estar entre os finalistas é o reconhecimento de uma caminhada coletiva. Cada hectare restaurado carrega o trabalho de muitas mãos — agricultores, técnicos, parceiros institucionais, financiadores e organizações que, junto conosco, assumem o desafio de regenerar territórios e vidas”, afirma Marcelo Lucian Ferronato, presidente da Ecoporé.


Parcerias que tornam a restauração possível

Ao longo dos anos, a Ecoporé consolidou uma rede de apoio fundamental para expandir suas ações. Entre os principais parceiros e apoiadores estão instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, que compartilham o compromisso com o desenvolvimento sustentável da Amazônia.


O trabalho da Ecoporé se sustenta em uma sólida rede de colaborações. Entre os principais parceiros estão as sindicatos e associações de produtores rurais e cooperativas locais, como a Federação de Trabalhadores e Trabalhadoras Ruais de Rondônia (FETAGRO) que tornam possível a localização de áreas para implantação de sistemas agroflorestais de baixo carbono, ao mesmo tempo em que estimulam a promoção da segurança alimentar nas comunidades envolvidas.


A organização também conta com o apoio técnico e científico de universidades e centros de pesquisa, como a Universidade Federal de Rondônia (Unir) e a Embrapa Rondônia, fundamentais na qualificação das ações de restauração e no desenvolvimento de soluções adaptadas ao contexto amazônico.


Órgãos ambientais e prefeituras, como o ICMBIO, Funai, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (SEDAM) e Emater Rondônia, atuam de forma estratégica, tanto na formulação e execução de políticas públicas e programas de recuperação de áreas degradadas, quanto na mobilização de atores locais e na oferta de infraestrutura para as ações em campo.


As ações ganham força com o apoio direto de financiadores que acreditam no impacto da restauração aliada à justiça social. O Fundo Socioambiental Caixa contribui para o projeto Terra e Mata; o Programa Petrobras Socioambiental apoia a mais de 10 anos iniciativas de restauração ecológica do Projeto Viveiro Cidadão; a The Caring Family Foundation viabiliza o projeto Regenera voltados à restauração em Terras Indígenas; e o Programa Paisagens Sustentáveis da Amazônia, executado pela Conservação Internacional no Brasil, fortalece estratégias de restauração em larga escala na região, tanto em unidades de conservação quanto em propriedades rurais da agricultura familiar. Esses e outros parceiros tornam possível a expansão dos projetos e o enraizamento das ações nos territórios.


“Não se faz restauração em larga escala sozinho. Precisamos de alianças sólidas e de longo prazo, que respeitem os tempos da floresta e das pessoas. Esse prêmio simboliza a força de uma rede que acredita na transformação pelo território”, diz Ferronato.


Impacto territorial e social

A atuação da Ecoporé já resultou na restauração de mais de 3 mil hectares, com destaque para áreas de preservação permanente degradadas, margens de rios e territórios protegidos. Foram produzidas e plantadas mais de 8 milhão de árvores, com envolvimento direto das comunidades e instituições.


A organização também promove:

  • Implantação de sistemas agroflorestais com foco na produção sustentável e geração de renda;

  • Capacitações técnicas para agricultores e jovens do campo;

  • Apoio a mulheres rurais na condução de quintais produtivos e cadeias extrativistas;

  • Educação ambiental em escolas públicas;

  • Participação ativa em fóruns estaduais e nacionais de políticas públicas para restauração ecológica.


“O verdadeiro impacto está nos vínculos criados com as comunidades. Jovens que decidem ficar no campo, mulheres que assumem o protagonismo produtivo, saberes tradicionais que são valorizados. É isso que sustenta a restauração no longo prazo”, afirma o presidente.


Restauração como resposta à crise climática

O RestorLife Awards reforça o papel da restauração ecológica como solução integrada para os desafios ambientais globais. As organizações finalistas compartilham experiências de reflorestamento, conservação da biodiversidade, recuperação de nascentes e reconexão entre comunidades e paisagens.


Além da Ecoporé e do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), o grupo inclui organizações como a Yayasan Gambut (Indonésia), Rainforest Rescue (Austrália), LEAD Foundation (Tanzânia) e SayTrees (Índia). A diversidade geográfica e cultural demonstra que a restauração é um esforço planetário, com soluções adaptadas a contextos locais.


Reconhecimento que nasce do território


Para Ferronato, mais do que um prêmio, a indicação ao RestorLife é uma afirmação política e ética: “A Amazônia tem voz, tem potência e tem soluções reais para a crise do clima e da biodiversidade. Nosso trabalho é coletivo, enraizado no chão da floresta e guiado pela esperança.”


A presença da Ecoporé entre os finalistas reafirma o papel estratégico da Amazônia brasileira na agenda global de restauração ecológica. E mostra que, quando comunidades, ciência e políticas públicas se unem, a regeneração é possível — e já está em curso.


Próximos passos

Independentemente do resultado da premiação, que será anunciado em 22 de abril de 2025, a Ecoporé seguirá em campo, fortalecendo parcerias e ampliando ações com base na escuta das comunidades. O objetivo é transformar paisagens e relações a partir da floresta, com os pés no chão e o olhar voltado para o futuro.


“A indicação ao prêmio nos inspira, mas o maior reconhecimento está no que construímos junto com quem vive o território. Ver a floresta se regenerar e os agricultores colhendo com dignidade é o que nos move. Seguimos guiados pela convicção de que restauração se faz com ciência, afeto e compromisso coletivo”, conclui Ferronato.


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