Por meio da restauração florestal, o agricultor Dorival Pessato recuperou o rio da sua terra
Quando chegou em Rondônia em 1989, Dorival Pessato não fazia ideia que sua história com a recuperação florestal seria exemplo para os vizinhos e outros agricultores da região da Zona da Mata rondoniense.
Nascido no Paraná, ele veio para o Estado atraído pelo clima que ele via como favorável para a produção no campo e para “viver melhor”. Assim como outros imigrantes que vieram há muitos anos para Rondônia, o caminho para plantar se baseava em desmatar para abrir espaço à pecuária e à agricultura.
Mas o que poucos agricultores previam ou sabiam naquela época, era que o clima favorável poderia ser alterado por conta da crença de que o desmatamento era a única possibilidade viável para produzir. Anos mais tarde, quando essa crença já estava estabelecida, os sintomas começaram a aparecer.
Crise no caminho
De acordo com o Inpe, Instituto de Pesquisas Espaciais, os desastres naturais, aqueles que são resultado do impacto de um fenômeno natural extremo e intenso, em locais que tenham a presença humana, causam sérios danos e prejuízos aos afetados.
E desastres naturais têm se tornado cada vez mais comuns. Além disso, eventos climáticos extremos também se intensificaram. Um dos órgãos da ONU, a Organização Meteorológica Mundial, alertou no ano passado, que a previsão para 2023 é que a temperatura global fique mais quente em até 1,3° C, afetando o clima, os regimes de chuva e a população.
A vaca foi pro brejo… literalmente
Não por menos, a propriedade do senhor Dorival sofreu transformações que o fizeram buscar alternativas.
Com o desmatamento da área, o rio que passava por suas terras começou a secar e a virar um lamaçal. Onde os gados bebiam água, agora atolavam pelo caminho. As perdas foram grandes, afetando a vida do pequeno agricultor. A solução foi buscar no reflorestamento uma saída para o problema.
Pessato ouviu na rádio sobre o Projeto Viveiro Cidadão, desenvolvido pela Ecoporé, que doa mudas e presta assistência técnica gratuita aos agricultores familiares que querem reflorestar suas áreas desmatadas. “O que eu destruí, agora estou tentando recuperar de volta. Eu tinha que tentar corrigir o que nós tínhamos feito de errado”, conta.
Do brejo, nasceu o rio…
Ele já tinha tentado reflorestar antes, mas sozinho, a recuperação não foi para frente. Com a ajuda do projeto, agora ele é referência para seus vizinhos da área.
Além de conseguir recuperar a mata ciliar do rio, as águas voltaram a brotar na propriedade. Dorival aprendeu que as árvores, inclusive, poderiam ser usadas como cerca viva para o gado.
As árvores que foram plantadas, agora produzem mudas e sementes para os vizinhos e para o próprio Viveiro Cidadão, que há 10 anos faz restauração com o patrocínio da Petrobras, continuarem ajudando a recuperar outras áreas, evitando que rios sequem, que o clima mude, e permitindo que a vida continue florindo.
Por Larissa Zuim - Ecoporé
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