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Confira como foi o primeiro dia do II Seminário de Corredores Ecológicos do projeto Viveiro Cidadão

Monitoramento da biodiversidade e do carbono, quintais produtivos e cafés das Matas de Rondônia foram alguns dos assuntos abordados.



Os resultados acumulados ao longo dos mais de 10 anos de experiência do projeto Viveiro Cidadão na Zona da Mata rondoniense foram destacados por seis palestrantes durante o primeiro dia do II Seminário de Corredores Ecológicos, que acontece em Rolim de Moura. Cerca de 170 pessoas, entre beneficiários, estudantes, organizações parceiras e comunidade científica participaram deste primeiro dia de programação, que segue até esta quarta-feira (14) com visitas a duas propriedades rurais beneficiadas pelo projeto.


O evento marca o encerramento do terceiro ciclo do Viveiro Cidadão, projeto realizado pela Ecoporé com patrocínio da Petrobras e do Governo Federal, por meio do programa Petrobras Socioambiental, que também apoia a realização do Seminário de Corredores Ecológicos.



Na primeira palestra do dia, o biólogo Paulo H. Bonavigo, coordenador do programa Natureza e Comunidades da Ecoporé, apresentou como é feito o monitoramento participativo da biodiversidade em áreas de restauração implantadas por meio do projeto e frisou que há muitas espécies de animais e vegetais cujos usos e importância ainda não se sabe, porque são desconhecidas da ciência. “A extinção dessas espécies acarreta na perda de oportunidades e na redução da manutenção dos serviços ecossistêmicos”, disse.


Nesse sentido, ele explicou, é importante conectar áreas de floresta através dos corredores ecológicos, e dialogar com povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores, que possuem valiosos conhecimentos sobre a biodiversidade, inclusive sobre espécies pouco estudadas. Em razão disso, o monitoramento participativo, ao envolver as comunidades, abre uma janela para a troca de saberes sobre o manejo de espécies importantes para a sustentabilidade.


O resultado dos quintais produtivos e como eles impactam na segurança alimentar familiar e geração de renda para as mulheres foi tema da palestra de Daiane Peixer, extensionista rural do projeto. Nos últimos anos, 100 beneficiárias de sete municípios receberam mais de 32 mil mudas para a implantação dos quintais, além de insumos para controle de pragas e fertilidade do solo, assistência técnica especializada, monitoramento e formações continuadas.


O extensionista rural Timóteo Nascimento apresentou um panorama a respeito da recomposição de áreas degradadas (RAD) do Viveiro Cidadão, que combina diversas técnicas para controlar os impactos negativos sofridos pelo solo, aliando conservação e produtividade. Apenas na terceira edição do Viveiro Cidadão, mais de 130 pessoas de 10 municípios de Rondônia foram beneficiadas e 138 hectares em processo de restauração ecológica foram monitorados ao longo de mais de 200 visitas de campo. Para atingir esses resultados, a assistência técnica e extensão rural precisa ser “inclusiva, humana e efetiva”, disse Timóteo.


O monitoramento do carbono nos projetos de restauração florestal foi foco da apresentação de Marcelo Lucian Ferronato, coordenador técnico do projeto e do Programa Floresta e Agricultura, na qual ele explicou a metodologia dos inventários florestais usada no monitoramento do carbono.


Os dados obtidos mostram que, nos últimos dez anos, as ações promovidas por meio dos projetos da Ecoporé contribuíram para a remoção da atmosfera de milhares de toneladas de gás carbônico, um dos gases causadores do efeito estufa. No entanto, Marcelo ressaltou que a restauração ecológica não irá sozinha resolver os problemas da crise ambiental. Para ele, é preciso aliar uma série de ações para a promoção da resiliência climática e conservação das florestas. Afinal são as florestas, conservadas ou em recuperação que produzem os serviços ecossistêmicos como a produção de água. Ou seja, destacando a crise hídrica enfrentada por Rondônia fica evidente que menos floresta é menos água.


Marcelo também afirmou que o objetivo da Ecoporé é popularizar a restauração: “o sonho é que a restauração ecológica seja tão simples para o agricultor quanto é comprar um insumo qualquer numa loja agropecuária”, disse.


Maria Lucilene da Costa Dantas de Matos, chefe adjunta de transferência de tecnologia da Embrapa, fez uma apresentação sobre o café Robusta Amazônica das Matas de Rondônia, primeira indicação geográfica do tipo denominação de origem para cafés canéfora no mundo, e que surgiu da hibridações das variedades robusta e conilon.


Segundo os dados apresentados, atualmente Rondônia produz 90% dos cafés da Amazônia brasileira e envolve centenas de famílias em sua cadeia de valor. Vários produtores conquistaram prêmios de degustação e selos de sustentabilidade nos últimos anos.



Ainda dentro da programação do seminário, Débora C. Massaro, secretária geral da Unicafes, apresentou o edital de implementação do projeto Quintais Produtivos na região norte, a ser lançado ainda em agosto pela Unicafes.

Durante as palestras, o público pode contribuir com o debate com perguntas. A crise hídrica na bacia Amazônica foi um tema recorrente nessas intervenções. Para a comunicadora do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Ana Carolina Abreu de Campos, o seminário deixou claro que diferentes biomas passam por problemas comuns, como explicar para os agricultores a importância da restauração ecológica para a manutenção dos recursos ecossistêmicos. Já para os estudantes de agroecologia da Abaitará Matheus Máximo da Silva e Kaik Vitor, o seminário foi uma oportunidade para conhecer os projetos da Ecoporé e aprender mais sobre sistemas agroflorestais.

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