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Aliadas da gestão territorial, armadilhas fotográficas são tema de oficina na Terra Indígena Sete de Setembro

Além de monitorar de forma participativa a biodiversidade, registros produzidos pelos dispositivos podem ser usados no Plano de Gestão Territorial e Ambiental.



Manuseio e instalação de armadilhas fotográficas foram tema da oficina participativa realizada com a associação Gap’ey, na aldeia Gamir da Linha 14, na Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal (RO). A atividade, conduzida pelo coordenador do programa Natureza e Comunidades da Ecoporé, Paulo Henrique Bonavigo, faz parte de um conjunto de atividades voltadas para a atualização das informações sobre a biodiversidade da TI utilizando os castanhais como ponto de partida. O objetivo é auxiliar o Povo Paiter no fortalecimento do conhecimento sobre a biodiversidade em seu território.


No primeiro dia, os participantes aprenderam sobre o método de monitoramento e as configurações das armadilhas fotográficas. Outra troca de aprendizados envolveu a utilização de aplicativos para navegação geográfica, os quais possibilitam a busca pelos pontos de instalação das câmeras. No dia seguinte, indígenas Paiter Suruí e a equipe da Ecoporé foram para o campo realizar a instalação dos dispositivos. Ao todo, foram instaladas 15 armadilhas fotográficas em pontos distintos, distribuídos preferencialmente nos castanhais já utilizados pelos indígenas.


Paulo Bonavigo explicou que, seguindo o protocolo desenvolvido pela Rede de Avaliação e Monitoramento da Ecologia Tropical (TEAM, do inglês Tropical Ecology Assessment and Monitoring Network), as armadilhas foram instaladas a 30 cm do chão em árvores resistentes e alocadas em pontos específicos a partir de um grid de dois quilômetros quadrados, padrão pensado para captar a interseção entre o habitat de animais de pequeno e grande porte, uma vez que são distintos os raios dos percursos deles na floresta.


Antes da instalação, a equipe limpou a área em frente aos equipamentos para evitar que a vegetação impedisse a visualização dos animais registrados ou provocasse falsos disparos, afinal qualquer movimento pode ativar o sensor infravermelho que dispara as armadilhas. Dessa forma, é possível obter registros de espécies noturnas, raras, em risco de extinção ou mesmo desconhecidas.


Por fim, informações chave foram anotadas na ficha de campo durante a instalação, como data, hora, numeração da armadilha e localização do GPS, a fim de que o ponto onde o equipamento está localizado não se perca e que os dispositivos fiquem identificados.


Ademais, ao atrelar um protocolo já estabelecido na comunidade científica com

o conhecimento tradicional dos indígenas, é possível obter dados para diversas finalidades que auxiliam a manutenção cultural dos povos. Alguns exemplos são o desenvolvimento e a atualização de planos de gestão territorial; o monitoramento da fauna para acompanhar mudanças populacionais em algumas espécies; o uso das informações obtidas em programas de certificação florestal dos produtos das associações indígenas ou em cartilhas escolares na língua nativa sobre a biodiversidade local; e até mesmo a identificação de invasores dentro do território.


Pela proximidade com os castanhais, é esperado registrar cutias, que, por sua habilidade em abrir o ouriço da castanha-da-amazônia para se alimentar, ajudam a dispersar a espécie. Segundo os indígenas, também espera-se obter fotos de animais cuja visualização é mais difícil, como a onça-pintada e o tatu-canastra. Outros animais que podem ser registrados nas áreas são a paca, a queixada, o porco do mato, o veado, o tamanduá, o mutum e a jaguatirica.




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